primeiro olhas. depois fascinas-te. depois consegues. depois vives. depois cansas-te. tudo, porque depois perde o brilho. as palavras já não têm o carinho que outrora tinham, a dedicação é nula, e tu sentes que não é nada daquilo que queres. mas não consegues. não consegues deixar para trás isso que é tão teu, que tu construiste com toda a tua dedicação, com toda a delicadeza, com cuidado para ficar tudo perfeito. não consegues pôr de lado algo sem o qual não consigas viver. mas estás cansado, farto. queres deitar tudo fora. queres que as recordações vão embora, queres que as fotografias se queimem, queres que as letras de todas as cartas se apaguem, para, de uma vez por todas, isso desaparecer de ti. para, finalmente, o teu coração estar livre outra vez. mas não consegues. não consegues fugir sem olhar para trás. tu só querias poder guardar tudo numa caixa. uma caixa bonita, cheia de cores, cheia de brilho, a mais bonita de todas. porque, apesar de tudo, de agora não aguentares mais, houveram momentos que merecem ser assim tão bem guardados, para que mais tarde possas abrir a caixa, tirá-los e veres o quão feliz tu foste. e sorrires. e sentes que se não te libertares agora, mais tarde essas lembranças não vão ser assim tão boas e que vão ser raras as vezes que vais querer abrir a caixa. levanta-te, usa as palavras certas e vai-te embora. vais perder muito, tu sabes. mas encara isso como uma etapa da tua vida, uma boa experiência talvez a melhor de sempre. não tens de acabar com tudo, podes sempre ficar com um bocado. o melhor bocado. vá, faz isso. não olhes para trás, se o fizeres vai-te custar muito mais. sê forte, não chores. choras depois sozinho. não consegues? pois, eu também não.
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