tenho de estar aqui, sem poder hesitar. tenho de me aguentar e fingir que sou muito forte. não posso chorar, gritar ou barafustar. tenho de compreender e apoiar. não posso fugir, nem por um minuto (?). mas porquê? eu não sou assim tão forte e corajosa como eles me pintam, eu não aguento assim tanta coisa. agora, eles já pensam que sim, e agora eu tenho de ser assim até ao fim. e o fim? nunca mais chega, nem sei se vai chegar. como uma criança, eu só peço que tudo passe. quero dormir, na minha cama cheia de almofadas e ursos, e quando acordar, quero que tudo tenha passado. quero que tudo seja passado e que não volte mais. por favoor. se não passar, quero fugir. não consigo, nem quero falar, porque é que quase me obrigam? não quero, porque não consigo fazê-lo sem chorar. e depois, para piorar, parece que o céu não quer que chore sozinha, e chora também. que deprimente. que tempo deprimente, que vida deprimente. quero voltar a ter seis anos e não perceber nada. e outra vez como uma criança, quero acreditar que existem fases e que está é só mais uma, e das más.
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