sexta-feira, abril 27

não passou muito tempo desde o dia em que te foste embora. pelo contrário, parece que ainda consigo ouvir o eco do bater da porta depois de a fechares. acho que ainda consigo sentir a tua presença aqui, parece que mesmo agora é que largaste as minhas mãos e paraste de me abraçar. mas porquê? deixaste-me aqui sentada, desamparada e eu não sei porquê. eu sei que crescemos e que mudámos, e que tudo à nossa volta mudou connosco, sei que deixámos de ser aquelas duas crianças que enfrentavam o mundo ao colo uma da outra, sei que deixámos de ver corações à nossa volta, mas continuo sem entender. eras o meu porto de abrigo, a minha parte segura, o meu lado corajoso, eras tudo o que eu nunca soube ser sem ti, e agora deixas-me assim? é que contigo levaste a força e a coragem que eu ainda tinha, a força e a coragem que me podiam fazer ir atrás de ti; levaste tudo e agora eu nem sequer me consigo levantar. o pior, é que acabei de ter a certeza que não voltas e isso ainda me faz fraquejar mais. fechaste a porta e já não tens a chave para poder voltar e eu nem sequer sei onde as encontrar. quero levantar-me, correr para a janela e gritar para não ires embora. mas não sei porquê, já nada me obedece. mais uma vez te digo, tu tinhas tudo o que era meu, cada pedacinho do meu coração. levaste-os contigo. o tempo vai passar, e mais cedo ou mais tarde as minhas forças vão voltar e eu vou conseguir levantar-me, abrir a porta e ter a coragem de não te procurar. não sei onde as vou buscar, talvez ao facto de saber que também já não estás à minha procura, e que já arranjaste outro sítio para ficar sem ser ao pé de mim. até lá, vai doendo, dói tanto que ninguém entende. sabes quando a dor psicológica é tanta que se torna em dor física e sentes o corpo todo doer, perdes a noção de onde estás e do que estás a fazer e páras? páras à espera que passe, e não passa. nunca mais passa. até um dia, meu amor, até um dia. amei-te e amo-te muito, com todo o meu coração. poderia amar-te para sempre se tu me deixasses, tal como te prometi. mas tens-me ensinado que há promessas que não foram feitas para serem cumpridas e que o tempo trata de as apagar da nossa memória, e com um bocadinho de sorte, do nosso coração. tenho pena, muita pena. disse-te mil vezes que íamos ser os mais felizes do mundo. onde foi que nos perdemos? eras o meu mais perfeito sonho de amor..

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